Brasília, 28 de maio de 2025

Escrito por Pâmela Costa

A Casa da Energia Eneva, em Brasília, recebeu no dia 21 de maio o Workshop Margens Conjugadas do Atlântico Sul: Novas Descobertas & Sistemas Petrolíferos – Lições Aprendidas e Perspectivas Futuras. Promovido pela Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo (ABGP), o evento reuniu mais de 100 participantes, entre especialistas, representantes do governo, cientistas e lideranças do setor de energia, para discutir o futuro da exploração offshore e o fortalecimento da soberania energética brasileira, com foco especial na Margem Equatorial e nas bacias sedimentares do continente africano que compartilham correlações geológicas com as bacias brasileiras.

Com patrocínio master da Petrobras e do Governo Federal, e apoio institucional da Eneva, o encontro promoveu um ambiente de diálogo técnico, político e científico sobre governança, regulação, geociências, geopolítica e comunicação estratégica. Um dos destaques foi o debate sobre os desafios da desinformação e a importância de promover confiança pública nas atividades exploratórias, com base em ciência e transparência.

A abertura institucional foi conduzida por Frederico Miranda, presidente da ABGP, que reforçou o papel das geociências como eixo estruturante da política energética nacional. Na sequência, Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), contextualizou o Brasil no cenário atual e destacou as perspectivas para uma transição energética justa, inclusiva e equilibrada.

A palestra magna foi conduzida por Sylvia Anjos, Diretora Executiva de Exploração e Produção da Petrobras, que apresentou um panorama técnico e estratégico sobre o papel da Margem Equatorial no futuro da matriz energética brasileira. Sua fala reforçou a relevância da região tanto para a segurança energética nacional quanto para o desenvolvimento socioeconômico da região Norte.

A Diretora Executiva chamou a atenção para o declínio esperado da produção nacional de petróleo a partir de 2030/2032, o que pode acarretar um prejuízo à economia brasileira nos próximos 25 a 30 anos, da ordem de R$ 3,9 trilhões, de acordo com estudos elaborados pelo MME e apresentados pelo secretário Pietro Mendes.

Essas informações reforçam a urgência e a necessidade de novas descobertas serem realizadas e desenvolvidas no Brasil — seja na Margem Equatorial, seja em outras fronteiras exploratórias. Projetos em águas profundas e ultraprofundas — especialidade da Petrobras e aptidão das bacias offshore brasileiras — levam de 7 a 10 anos desde a descoberta até o desenvolvimento e início da produção, o que já nos coloca em atraso na reposição de reservas para atender à demanda nacional nos próximos anos.

Ao longo do dia, os painéis aprofundaram temas de alta relevância técnica e institucional. O primeiro bloco, dedicado à visão de lideranças políticas e institucionais, contou com a participação de Sylvia Anjos (Petrobras), Pietro Mendes (MME), Ricardo Burattini (Casa Civil) e Frederico Miranda (ABGP/Eneva), em um debate sobre regulação, soberania e oportunidades estratégicas para o desenvolvimento da Margem Equatorial.

Entre os dados de maior impacto, foi apresentado um estudo conduzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo as projeções, uma produção na Margem Equatorial — em patamares semelhantes aos da Guiana, com cerca de 700 mil barris por dia — pode gerar 2,1 milhões de empregos formais, adicionar R$ 419 bilhões ao PIB, arrecadar R$ 25 bilhões em tributos e R$ 20 bilhões em royalties e participações especiais. Os números consolidam a região como uma das mais promissoras fronteiras energéticas do país.

O segundo bloco, com foco nos aspectos técnicos-científicos das margens brasileiras, trouxe contribuições valiosas. Luiz Carlos Torres (Marinha do Brasil) abordou o papel do LEPLAC na definição do limite exterior da plataforma continental. Marcelo Simas (FGV) analisou os discursos nacionais e internacionais em torno da Margem Equatorial. Vitor Abreu (Fluxus OGE) destacou o potencial exploratório das margens vulcânicas passivas do Atlântico Sul. Alberto Figueiredo (UFF) tratou dos mitos e verdades sobre os corais da Foz do Amazonas, enquanto Luiz Carlos Empinotti (Petrobras) apresentou um panorama sobre as margens conjugadas e os próximos passos para a exploração offshore brasileira.

Além dos debates técnicos, o evento enfatizou o papel essencial da comunicação no setor de óleo e gás, sobretudo diante da crescente circulação de informações falsas. A articulação entre os setores público e privado foi destacada como essencial não apenas para o avanço técnico, mas também para garantir a legitimidade social e ambiental das operações em novas fronteiras.

O Workshop representa um marco na articulação nacional sobre as margens do Atlântico Sul e contribui para consolidar o protagonismo brasileiro na construção de uma matriz energética segura, soberana e alinhada com o desenvolvimento sustentável.

O conteúdo completo do evento será disponibilizado em breve na área exclusiva para associados da ABGP.

Associe-se e tenha acesso a debates estratégicos, conteúdos exclusivos e uma rede ativa de profissionais do setor de geociências e energia.

 Para mais informações acesse: abgp.geo.br

📸 Para ver as fotos oficiais do evento, clique aqui!

Da esquerda para a direita: Pietro Mendes (MME), Sylvia Anjos (Petrobras), Frederico Miranda (ABGP/Eneva) e Ricardo Burattini (Casa Civil) durante o painel de abertura do Workshop Margens Conjugadas do Atlântico Sul, realizado na Casa da Energia Eneva em Brasília.

 

Participantes acompanham a programação técnica do Workshop Margens Conjugadas do Atlântico Sul, na Casa da Energia Eneva, em Brasília. O evento reuniu mais de 100 pessoas para debater o papel das margens brasileiras e africanas no futuro da exploração offshore e da soberania energética do Brasil.

 

Especialistas debatem os avanços técnicos, geológicos e regulatórios nas margens brasileiras e africanas. Da esquerda para a direita: Frederico Miranda (ABGP/Eneva), Marcelo Simas (FGV), Luiz Carlos Torres (Marinha do Brasil), Vitor Abreu (Fluxus OGE), Alberto Figueiredo (UFF) e Luiz Carlos Empinotti (Petrobras).
Membros da Diretoria da Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo (ABGP), instituição responsável pela organização do evento, que reuniu mais de 100 participantes em torno de um diálogo técnico e estratégico sobre o futuro da exploração offshore no Brasil.

 

Organizadores, painelistas, convidados e participantes reunidos na Casa da Energia Eneva durante o Workshop Margens Conjugadas do Atlântico Sul. O evento contou com presença expressiva de representantes do governo, especialistas do setor energético, acadêmicos e público interessado, promovendo um amplo debate técnico e estratégico sobre o futuro da exploração offshore e a soberania energética do Brasil.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Consentimento de Cookies com Real Cookie Banner